Racionalizando

   Vivemos numa época de estímulo ao empoderamento, assumir quem somos, dar valor ao que importa, etc, e de fato cada vez mais pessoas têm assumido sua identidade, estilo, sexualidade, se expressado, mas estamos realmente prontos pra toda essa desconstrução?    Nossa sociedade é permeada por padrões normativos que vêm de longa data, o que foge disso é considerado não só como anormal, mas também como ruim, muitas vezes, então como pregar a desconstrução, o empoderamento, a quebra de tabus, a expressividade e ao mesmo tempo julgar as pessoas que resolvem se libertar desses padrões?     Precisamos nos aceitar, nos orgulhar e nos assumir como somos, sem julgamentos, parâmetros e com muito respeito! Dia desses ouvi “Você já foi mais normal”, mas o que é ser normal? Quem instituiu esse padrão de normalidade? Baseado em que? Atendendo aos interesses de quem? E porque o que foge dele é visto como ruim? Porque eu tenho que ser “normal”? Porque te incomoda que alguém seja “diferente”?    

   Certamente você assim como eu já ouviu que ser feminista é odiar os homens, querer ser homem, não se depilar, ser contra o casamento e afazeres domésticos, é querer ser superior aos homens, ser mal amada, mal comida, lésbica, blá-blá-blá.    A primeira resposta que me vem à mente é: seu furico! Mas, levando em consideração os bons modos, o feminismo trata-se de um movimento político, social, ideológico e filosófico que tem por objetivo ampliar o papel e os direitos das mulheres na sociedade, conquistando assim a equidade entre gêneros, desconstruindo os padrões patriarcais fundamentados em normas de gênero.     Algumas pessoas além do conceito equivocado de feminismo, ainda pensam que as mulheres já conquistaram tudo que precisavam, já podem votar, se divorciar, trabalhar fora, viajar sem autorização do marido, falar em público e tantas outras coisas que nos eram proibidas até pouco tempo atrás.    De fato, consquistas significativas foram alcançadas por nossas manas, mas ser

   Segundo o dicionário informal problematizar significa: formular um certo fato, matéria, conceito, analisar e discutir os aspectos mais complicados ou mais difíceis; elaborar conjunto de questões articuladas; questionar; inventariar questões provisórias.     Para Foucault, problematizar é um jeito de olhar para objetos e situações comuns com um distanciamento necessário para que haja uma desnaturalização, uma desconstrução das noções de verdadeiro/falso, certo/errado, bonito/feio, etc.    Pensando nisso, porque problematizar? Porque não permanecer no conforto dos padrões normativos? Porque mexer no que está quieto? Tenho visto e ouvido muitas falas sobre o mundo estar chato, sobre tudo ser mimimi, sobre antigamente não existir nada disso, que hoje em dia não se pode falar nada sem ofender alguém. Será que isso é verdade? Para mim não, penso que as coisas de fato sempre existiram, mas devido a uma série de fatores não eram devidamente trabalhadas e discutidas, o movimento de muda

   Chegamos naquela época do ano que muitos esperavam e passaram meses se preparando nas academias, Crossfit, dietas e etc para colocar não só a cara no sol, mas também exibir seus corpos esculpidos para o verão, por outro lado temos também aquelas pessoas que se perguntam se podem usar biquíni/sunga ou se é melhor não arriscar e ficar no maiô/shorts.    Comumente escuto alguns comentários de pessoas próximas do tipo “Estava na praia ontem e tinha uma mulher enorme de gorda, com os peitos lá embaixo usando um biquíni minúsculo, cheia de estrias, celulite, será que ela não percebe que não tem corpo pra isso?”. Bom, a primeira coisa que me vem à mente é “Como assim a pessoa não tem corpo para isso? Era uma cabeça flutuando na praia?!”.    Infelizmente este é o retrato de nossa sociedade, que ao longo dos anos foi enraizando em nossas mentes padrões específicos do que é ou não bonito. Nos últimos tempos vemos cada vez mais notícias de bullying contra pessoas gordas ou magras demais,