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Um convite ao amor (próprio)

   Fomos ensinadxs desde cedo a odiar nossos corpos. Não importa o quão magra, sarada, fitness uma pessoa seja, ela sempre estará convencida de que tem algum defeito. Fomos ensinadxs que ser gordx é feio, é desleixado, é inaceitável. 
   Até pouco tempo atrás eu também estava consumida por esses pensamentos. Voltei para a academia, fiz vários procedimentos estéticos, deixei o cabelo crescer, tudo que me fizesse sentir confortável com os padrões de beleza. Nesse processo acabei investindo muito no corpo e adoecendo minha mente, o resultado não foi bom. Depois disso, com depressão (por outros fatores), resolvi me dedicar ao que realmente importava: meu eu interior! Foi a decisão mais sábia que tomei.
   Nesse processo emagreci muito, engordei mais ainda. E o “engraçado” é que quando passei pela fase de emagrecer muito pela doença ninguém se mostrou preocupado, recebi muitos elogios. Quando engordei por outro lado, choveram críticas de pessoas se dizendo preocupadas com minha saúde.
   O que quero dizer com isso? Por mais que lutemos contra os padrões de beleza pré estabelecidos esses padrões estão demasiadamente arraigados na sociedade, a ponto de não conseguirmos com naturalidade ver a beleza no que foge a este padrão. A sociedade é cruel demais com quem está “acima do peso”, com quem não tem pernas lisas e brilhantes, com quem não tem o cabelo liso escorrido com todos os fios alinhados, com quem não tem os traços finos, a cor certa...
   Por isso lhes faço um convite, um pedido: sejam mais gentis consigo mesmos! Não se compare, não se desespere em alcançar um padrão único e quase inalcançável, não se meça com a régua do outro, cada um de nós é único, com uma beleza única. Além disso, que possamos ver além do físico, para enxergar o que há de realmente belo no outro.
   

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