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Mostrando postagens de 2019

Um convite ao amor (próprio)

   Fomos ensinadxs desde cedo a odiar nossos corpos. Não importa o quão magra, sarada, fitness uma pessoa seja, ela sempre estará convencida de que tem algum defeito. Fomos ensinadxs que ser gordx é feio, é desleixado, é inaceitável.     Até pouco tempo atrás eu também estava consumida por esses pensamentos. Voltei para a academia, fiz vários procedimentos estéticos, deixei o cabelo crescer, tudo que me fizesse sentir confortável com os padrões de beleza. Nesse processo acabei investindo muito no corpo e adoecendo minha mente, o resultado não foi bom. Depois disso, com depressão (por outros fatores), resolvi me dedicar ao que realmente importava: meu eu interior! Foi a decisão mais sábia que tomei.    Nesse processo emagreci muito, engordei mais ainda. E o “engraçado” é que quando passei pela fase de emagrecer muito pela doença ninguém se mostrou preocupado, recebi muitos elogios. Quando engordei por outro lado, choveram críticas de pessoas se dizendo preocupadas com minha saúde.

É proibido romantizar

   Ora, não vim aqui dizer que não amem, nem que se acabem os poucos românticos existentes. Quero falar sobre o “romance” aplicado em situações erradas, as romantizações descabidas. E existe isso? Existe e muito!    Quem nunca ouviu aquelas frases/histórias: “Fulana é uma guerreira, mãe solo, trabalha, estuda e cuida sozinha dos pais doentes, se forma ano que vem, batalhadora”; “Ciclano saiu do interior, onde os pais eram fazendeiros, andava 6km pra chegar na escola e passou em tal universidade”; “Beltrana foi a primeira negra a ser juíza em tal município”; “Quando as coisas vêm fácil a gente não dá valor”.    Gente, deixa eu contar uma coisa pra vocês? Não tem nada de bonito no racismo, no sofrimento, na falta de oportunidades iguais para todos, na desigualdade de renda, nem relacionamento têm que ser difícil bb’s! As coisas precisam ser simples e fáceis, extremamente fáceis mesmo!     Não significa que iremos desmerecer as conquistas, mas que ao invés de romantizar essas dific

Liberdade Religiosa Para Quem?

   É fato que o conservadorismo, a moral e os bons costumes estão de volta com tudo. Isso tem gerado  uma onda de preconceitos, rivalidades, violência, que já existiam, mas estão mais escancarados ao meu ver. Além disso, tem-se aliado a religião à esta onda conservadora, quando na verdade estes “falsos moralistas” nem mesmo são cristãos. É meus caros, o mundo está em retrocesso!    Não vou aqui declarar o maior puxador deste conservadorismo cristão moralista de fachada, que vocês sabem quem é. O que quero discutir é outra coisa: porque nós, os centrados, os que participam de movimentos de esquerda que visam liberdade, as feministas e etc estamos caindo nessa onda de troca de ofensas?    Primeiro, falando aos que se dizem cristãos e aos que verdadeiramente são, desafio qualquer um a me mostrar na Bíblia algo relacionado a criação de leis pelo Estado para proibir aquilo que a Bíblia classifica como pecado. Existe tal passagem? Tal incentivo? Jesus nos disse para excluir, desrespeita

Com quantos anos você descobriu que GORDX não é ofensa?

   Muitos provavelmente pensarão na idade que tem agora. Eu mesma entendi plenamente este conceito recentemente. Mas isso é uma verdade que precisamos entender de uma vez por todas: ser gordx não é ofensa!    Quantas vezes dissemos ou ouvimos: “Você conhece fulanx? Aquelx gordinhx” (não, a pessoa não é ‘gordinha’, é gorda mesmo e não tem problema nenhum nisso). Quantas vezes dissemos ou ouvimos: “Não é uma questão estética, estou preocupadx com sua saúde”, de pessoas que não são da área, que não te perguntaram como estão seus exames, seus sinais vitais, se você está se exercitando, como está sua alimentação, resumindo, que não querem saber se você tem hábitos saudáveis, só querem julgar que você não é saudável porque não é magrx, mesmo sabendo que nem todxs magrxs são saudáveis e nem todxs gordxs tem doenças!    Quantas vezes dissemos ou ouvimos: “Você não tem corpo pra usar isso”, mas o que exatamente é uma pessoa sem corpo? É o que sempre me pergunto! Quantas vezes dissemos ou o

Carência não é amor

   É notório o quanto casos de feminicídio têm crescido, nos jornais se mostram dados sobre o aumento do número de denúncias de assédio, tentativas de feminicídio, ameaças e etc. Penso, que a trilha do feminicídio passa por um ponto muito importante: o amor-próprio! Ou a falta dele. E não quero aqui de forma alguma culpar as vítimas, ou colocar esta como a única causa, mas de fato penso que um dos alicerces da manutenção de um relacionamento abusivo é confundir carência com amor, e acabar abrindo muitas concessões em nome disso.    Nossa sociedade é doentiamente machista. As mulheres crescem sendo cobradas a serem boas em alguma coisa porque senão ninguém vai querer casar com elas, o casamento é o ápice da conquista da mulher, é seu maior sonho, praticamente tudo que fazemos gira em torno do “elogio” “já da pra casar”.    Para mim aí começa o perigo. Meninas começam a paquerar e com essas ideias em mente por vezes começam a se anular desde cedo, pensando “ele vai melhorar” “eu con

Dicas de carnaval

   Gentes, há quem não goste (como eu), mas o fato é que carnaval está aí! Há quem goste por causa da folga, que também não é o meu caso, hahahaha. Enfim, trago aqui dicas preciosas pra curtir sem stress, com saúde e descansando se for seu caso.    Primeiro para o Unidos  da Netflix! Esse ano assisti alguns filmes que realmente valeram a pena e vou deixar de dica pra quem vai curtir no sofá: Que horas ela volta?, Histórias Cruzadas, Ele está de volta, Dumplin, Absorvendo o tabu. De séries indico Cara gente branca, Apartamento 23 (comédia), As telefonistas... Teria muito mais indicações, mas é só pro feriado não a vida toda né?    A galera do retiro: leva roupa íntima suficiente, leva comidinha reserva, preserva a natureza, não deixa quem não sabe nadar entrar em água funda, respeita a Bíblia (se for retiro evangélico), nada fornicar antes do casório!    Agora pra quem vai curtir na folia: bebam água, passa protetor solar, usem aquelas doleiras, não guardem todo dinheiro em um lu

“Racismo reverso”

   Xô contar uma historinha aqui procês, principalmente pra quem acha que não existe mais racismo, que tudo agora é mimimi, lacração, caixinha de fósforo.    Você já observou em que circunstâncias os brancos morrem? E em quais os negros morrem? Já viu branco morrer porque confundiram o guarda chuva com uma arma? Já viu branco morrer com farda da escola? Já viu branco ser seguido em loja pela segurança? Já viu branco não ser contratado porque o cabelo é muito liso? Quantos médicos brancos você tem? Quantos juízes brancos nós temos? Quantos professores universitários? Quais papéis os negros geralmente interpretam em novelas? Quantos negros temos na população?    Racismo reverso não existe simplesmente porque os negros não tem poder de opressão, porque brancos não foram escravizados, porque brancos não foram proibidos de fazer nada ao longo da história por conta de sua pele, seus traços ou cabelo!    A comunidade negra tem que se reconhecer como tal e lutar por si sim! Isso não é l

Colorismo e o racismo seletivo

   Nasci negra, quando criança meu tom de pele variava bastante, até que fiquei da cor que tenho hoje. Da mesma forma meu cabelo mudou ao longo dos anos, a raiz sempre foi mais lisa, mas a ponta bastante cacheada. Me lembro o quanto sofria pra lavar e pentear o cabelo, puxa daqui puxa dali, os braços de minha mãe doíam. Minha mãe se especializou em penteados, tranças, trancinhas, rabos de cavalo, maria chiquinha, tudo que pudesse controlar aquele volume.    Ainda antes dos 10 anos minha mãe começou alisar meu cabelo, só a parte da franja, que sempre teve uns “quebradinhos”. Quando fiz 18 anos resolvi que não dava mais pra suportar aquele cabelo, era difícil lidar com os cachos, empoderamento capilar não estava em alta, tampouco o feminismo, a escova progressiva entrou em cena e resolvi arriscar, achando que meu cabelo não ficaria liso, apenas mais “controlado”. E aí veio a surpresa, a progressiva deixou meu cabelo “liso”, eu lavei lavei lavei, cortei cortei cortei, até me livrar del

A quem interessa?

   Essa é uma pergunta um tanto quanto polêmica. Mas, de fato, a quem interessa que o povo esteja desinformado? A quem interessa que não tenhamos acesso à educação de qualidade? A quem interessa que não possamos ler sobre todos os assuntos?     Pode parecer teoria da conspiração, mas é algo histórico, social, político, desumano. A primícia básica é muito simples, é mais fácil dominar um povo que lê, estuda, raciocina, que tem conhecimento de seus direitos ou um povo desinformado? Não preciso responder. Quem não sabe o que é seu por direito jamais irá lutar por nada, sempre aceitará o que lhes for imposto, acreditando que privilégios são direitos, direitos são privilégios, em meritocracia e que se não conseguiu nada na vida foi porque não se esforçou, o contexto histórico e social não tem relevância em suas conquistas ou fracassos.    Costumo dizer que não posso criticar sobre o que não vi, assim como não posso discutir sobre um assunto que não estudei. Uma amiga sempre me diz que

Violência contra a mulher, um universo além do físico

   Quando falamos de violência contra mulher, violência de gênero, violência doméstica e afins logo se pensa em agressão física. Algumas mulheres argumentam que não vivem e nunca viveram relacionamentos abusivos porque nunca apanharam dos companheiros, mas a violência vai além do ambiente físico, e estes abusos também deixam marcas profundas, além da possibilidade forte de culminar em violência física e morte.    Vou listar e exemplificar os principais tipos de violência para pensarmos sobre: Psicológica: Está nesta categoria atitudes como humilhar, xingar, caluniar, manipular, perseguir, chantagear, fazer a mulher pensar que está ficando louca (gaslighting), inibir ou proibir sua liberadade de crença, controlar seu comportamento, lugares onde pode ir, pessoas que pode falar, isolar a mulher de amigos e família, vigiar mensagens, ligações, redes sociais, exigir senhas, expor questões íntimas do relacionamento, vazar fotos íntimas, fazê-la duvidar de sua importância e beleza, mexe

O nome dela é...

   Jeniffer! Sim, Jeniffer. Não sou muito de ouvir músicas assim, acho muito parecidas, repetitivas, machistas, enfim, mas às vezes escuto e adoro a resenha, os memes... Mas o que significa a Jeniffer? Bom, quando soube que a “Marcelina” era a Jeniffer corri pra assistir o clipe e ouvir direito a letra da música. E pensei em algumas coisas...    Pra começar temos uma mulher gorda, sim gorda, ser gorda não é ofensa, o preconceito que é. Pela primeira vez que me lembre temos uma mulher gorda, linda, sensual, desconstruída, que estava no Tinder e poderia ser namorada. Quantas informações interessantes, rs.     Me fez pensar primeiramente que temos tido maior visibilidade para mulheres que quebram padrões, padrões esses que são impostos pela sociedade a fim de lucrar com o desespero daquelas que não nasceram neles mas querem se enquadrar. E aqui deixo claro que não há problema em querer emagrecer, ganhar músculos nem nada disso, só é importante pensar quais as motivações e não se desg

Sobre o silêncio ensurdecedor

   Vocês já perceberam que raramente sentimos nossos órgãos? Sabemos que temos rins, fígado, pâncreas, intestinos, pulmões, vesícula, etc, mas se tudo vai bem nem nos damos conta de que eles estão ali, trabalhando para que estejamos saudáveis. Mas se algo vai mal... Aí vem a dor, e lembramos que temos aquele órgão.     Penso que com as pessoas acontece algo parecido, temos familiares e amigos que moram longe, ou que moram perto mas não vemos muito, não falamos todos os dias, a rotina não nos permite estar próximos, ligar, visitar, sair, checar se a pessoa está bem, usamos inconscientemente a regra dos órgãos, se tá quietinho tá tudo bem.     Até que um dia não esteja. Até que um dia percamos esta pessoa, porque ela estava com dor e não sabíamos... Ora como saberíamos? Ela não disse nada, não postou nas redes sociais. Mas o fato é que agora que essa pessoa se foi a falta dela começa a se fazer mais presente. Começamos a lembrar dos momentos vividos, da distância, tentamos nos lembr

Maternidade solo e abandono paterno

  Primeiro quero esclarecer que não existe mãe solteira, maternidade não é estado civil. Segundo, para mim é impossível falar deste tema sem abordar o machismo enraizado. Alguns argumentam que entendem as feministas de antigamente, havia muito a ser conquistado, que hoje as mulheres já podem fazer o que querem.     Podem? Pode até ser que possam, mas podem fazer tudo que os homens fazem sem julgamento? Podem ser abusadas, agredidas, mortas sem serem culpadas ou questionadas? Podem abortar? Podem abandonar seus filhos? Podem nem querer ter filhos sem serem julgadas? Não sei para as outras mulheres, mas eu já ouvi que uma mulher sem filhos não é completa, que eu digo que não quero filhos porque não encontrei a pessoa certa, que mulher nasceu pra ser mãe, ou se sou lésbica, como se lésbicas não quisessem relacionamentos e filhos. Cresci cercada de bonecas, rodinhos, vassourinhas, batedeiras, coisas que moldam a sociedade, que fazem a mulher crescer com esse “sonho” de ser mãe imputado.

Aceitar o que não se pode mudar

   Todos nós somos seres únicos, somos uma construção de tudo que nos aconteceu, de toda genética, de todos fatores externos, de criação, família, educação, situações a que fomos expostos, somos cada um de nós é um turbilhão de fatores e sentimentos únicos, que tem que conviver com outros seres humanos, cada um com seu turbilhão de sentimentos e fatores também únicos, como administrar isso?     Bom, se partimos deste pressuposto de que cada um de nós somos seres únicos, precisamos fazer duas coisas essenciais para conseguir convivermos: respeitar e ter empatia pelo outro. Não raras vezes convivemos com pessoas que parecem ter a única e exclusiva missão de nos atazanar na terra, rs, nossa vontade primitiva é de devolver tudo na mesma moeda, ou remoer aquilo em silêncio, sofrer calado. Mas porque não paramos pra pensar que aquilo que o outro faz comigo reflete algo que é unicamente dele? E que na maioria das vezes não tem haver com a minha pessoa e sim com a pessoa dele, a construçã